sábado, 2 de outubro de 2010

Os "Privilégios" De Chico Xavier

Meu amigo,eu não sei quais são os meus privilégios perante os Céus,porque fiquei órfão de mãe ao cinco anos de idade.
Então fui entregue à proteção de uma Senhora que,durante dois anos,graças a Deus,me favorecia com três surras de vara de marmelo  por dia.
Ainda criança empreguei-me numa fábrica de tecidos,aos oito anos de idade.E nela trabalhei durante quatro anos seguidos,à noite,estudando na escola primária durante o dia.
Não podendo continuar na fábrica,empreguei-me como auxiliar de cozinha,balcão e horta,num pequeno empório,durante mais quatro anos.
Só então,empreguei-me numa repartição do ministério da Agricultura,na qual trabalhei trinta e dois anos,começando na limpeza da repartição até chegar a escriturário,quando me aposentei.
Quando criança,sofri de moléstia de pele,fui operado no calcanhar,onde me cresceu um grande tumor:sofri dos doze anos aos quinze anos de coreia ou mal de São Guido fui operado em 1951 de uma hérnia estrangulada.
Acompanhei a desencarnação de irmãos que me eram particularmente queridos em familia.
Na justiça sofri um processo público em 1944,de muitos lances difíceis e amargos,por causa das mensagens do grande escritor Humberto de Campos.
Em 1958,passei por escandalosa perseguição com nuitos noticiarios infelizes da impresa,perseguição de tal modo intensa,que me obrigaram a sair do campo reconfortante da vida familiar em Pedro Leopoldo,onde nasci,transferindo-me para Uberaba,em 1959,para que houvesse tranquilidade para os meus familiares,que não tinham culpa de eu haver nascido médium.
Morando em Uberaba em 1968,fui internado no hospital "Santa Helena",aqui,em São Paulo,para ser operado numa cirurgia de muita gravidade,e ,agora,no principio deste anos do cinquentenário de minhas pobres faculdades mediúnicas,agravou-se em mim um processo de angina que começou em novembro do ano passado...angina essa com a qual estou lutando muito.
SE TIVE PRIVILÉGIOS,COMO O SENHOR IMAGINA,DEVO TER ESSES PRIVILÉGIOS SEM SABER!
(*)Resposta de CHICO XAVIER a um repórter que lhe perguntara,em 1977,durante uma reunião na cidade de São Paulo,se o médium,ao estar completando 50 anos de mediunidade,se considerava uma pessoa privilegiada.O texto foi adaptado do livro Encontros no Tempo,organizado por Hércio Marcos C.Arantes.editora IDE ,Araras-SP.

Caracteres Do Homem De Bem

   Verdadeiramente,homem de bem é o que pratica a lei de justiça,amor e caridade,na sua maior pureza.Se interrogar a própria consciência sobre seus atos que praticou,perguntará se não transgrediu essa lei,se não fez o mal,se o fez todo bem que podia,se ninguém tem motivos para dele se queixar,enfim se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem.
Possuido do sentimento de caridade e de amor ao próximo,faz o bem pelo bem,sem contar com qualquer retribuição,e sacrifica seus interesses à justiça.
É bondoso,humanitário e benevolente para com todos,porque vê irmãos em todos os homens,sem distinção de raças,nem crenças.
Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza,considera essas coisas como UM DEPÓSITO,de que lhe cumpre usar para o bem.Delas não se envaidece,por saber que Deus,que lhas deu,também lhas pode tirar.
se sob a sua dependência a ordem social colocou outros homens,trata-os com bondade e complacência,porque são seus iguais perante Deus.Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com seu orgulho.
É indulgente para como as fraquezes alheias,porque sabe que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do Cristo: ATIRE A PRIMEIA PEDRA AQUELE QUE ESTIVER SEM PECADO.
Não é vingativo. A exemplo de Jesus,perdoa as ofensas,para só se lembrar dos beneficios,pois não ignora que,como houver perdoado,assim perdoado lhe será.
Respeita,enfim,em seus semelhantes,todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem,como quer que os mesmos direitos lhe sejam respeitados.
(Texto extraido do Livro Dos Espiritos item 918 / Caracteres Do Homem De Bem / Allan kardec)

Ensaio Teórico Da Sensação Nos Espíritos (no momento do desencarne)

O corpo é o instrumento da dor.Se não é a causa primária desta é,pelo menos,a causa imediata.A alma tem a percepção da dor:essa percepção é o efeito.A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa,mas não pode ter ação fisica.De fato,nem o frio,nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma,que não é suscetível de congelar-se,nem de queimar-se .Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal,como se real fora?Não as vemos até causar a morte?toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta.Certo que ai não está a sede,ou,sequer,o ponto de partida da dor. O que há,apenas,é que o cérebro guardou desta impressão.
Lícito,portanto,será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito após a morte.Um estudo aprofundado do perispírito,que tão importante papel desempenha em todos os fenômenos espítitas:nas aparições vaporosas ou tangíveis:no estado em que o Espírito vem a encontrar-se por ocasião da morte: na idéia,que tão frequentemente manifesta,de que ainda está vivo: nas situações tão comoventes que nos revelam os dos suicidas,dos supliciados,dos que se deixaram absorver pelos gozos materiais: e inúmeros outros fatos,muita luz lançaram sobre a questão,dando lugar a explicação que passamos a resumir.
O perispirito é o laço que à matéria do corpo prende o Espírito,que o tira do meio ambiente,do fluido universal.Participa ao mesmo tempo da eletricidade,do fluido magnético e,até certo ponto da matéria inerte.Pode-se-ia dizer que é a quintessência da matéria.É o principio da vida orgânica,porém não o da vida intelectual,que reside no Espírito.É,além disso,o agente das sensações exteriores.No corpo,os orgãos,servindo-lhes de condutos,localizam essas sensações.
destruindo o corpo,elas se tornam gerais.Daí o Espírito não dizer que sofre mais da cabeça do que dos pés,ou vice-versa.
Não se confundam,porém,as sensações do perispirito,que tornou-se independente,com as do corpo.Estas últimas só por termo de comparação as podemos tomar e não por analogia.
Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer,mas esse sofrimento não é corporal,embora não seja exclusivamente moral,como o remorso,pois que ele se queixa de frio e calor.Também não sofre mais no inverno do que no verão:temo-los visto atravessar chamas,sem experimentarem qualquer dor.Nenhuma impressão lhes causa,conseguintemente,a temperatura. A dor que sentem não é,pois,uma dor física propriamente dita: é um vago sentimenti íntimo,que o próprio Espírito nem sempre compreende bem,precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores:é mais uma reminiscência do que uma realidade,reminiscência,porém,igualmente penosa.Algumas vezes,entretanto,há mais do que isso,como vamos ver.
Ensina-nos a experiência que,por ocasião da morte ,o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo: que,durante os primeiros minutos depois da desencarnação,o Espírito não encontra explicação para a situação em que se acha.Crê não estar morto,por isso que se sente vivo: vê a um lado o corpo,sabe que lhe pertence,mas não compreende que esteja separado dele. Essa situação dura enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o perispirito. Disse-nos,certa vez,um suícida: "Não,não estou morto". E acrescentava: No entanto,sinto os vermes a me roerem. Ora,indubitavelmente,os vermes não lhe roíam o perispirito e ainda menos o Espírito: roiam-lhe apenas o corpo. Como,porém,não era completa a separação do corpo e do perispirito,uma espécie de repercussão moral se produzia,transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo. Repercussão talvez não seja o termo próprio,porque pode induzir à suposição de um efeito muito material. era antes a visão do que se passa com o corpo,ao qual ainda o conserva ligado o perispírito,o que causava a ilusão,que ele tomava por realidade. Assim,pois,não haveria no caso uma reminiscência,portanto ele não fora,em vida,roído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da atualidade.Isto mostra que deduções se podem tirar dos fatos,quando atentamente observados.
Durante a vida,o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito,que constitui,provavelmente,o que se chama fluido nervoso.Uma vez morto,o corpo nada mais sente,por já haver nele Espírito,nem perispírito. Este,desprendido do corpo,experimenta a sensação,porém,como já não lhe chega por um conduto limitado,ela se lhe torna geral. Ora ,não sendo o perispírito,realmente,mais do que um simples agente de transmissão,pois que no Espírito é que está a consciência,lógico será deduzir-se que,se pudesse existir perispírito sem Espírito,aquele nada sentiria,exatamente como um corpo que morreu. Do mesmo modo,se o Espírito não ticesse perispírito,seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa.É o que se dá com os Espíritos completamente purificados.Sabemos que quanto mais eles se purificam,tanto mais etérea se torna a essência do perispírito,donde se segue que  a influência material diminui à medida que o Espírito progride,isto é,à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.
Mas,dir-se-à,desde que pelo perispírito é que as sensações agradavéis,da mesma forma que as desagradáveis,se transmitem ao Espírito,sendo o Espírito puro inacessível a umas,deve sê-lo igualmente às outras. Assimé,de fato,com relação as que provêm unicamente da influência da matéria que conhecemos. O som dos nossos instrumentos,o perfume das nossas flores nenhuma impressão lhe causam. Entretanto,ele experimenta sensações íntimas,de um encanto indefinível,das quais idéia alguma podemos formar,porque,a esse respeito,somos quais cegos de nascença diante da luz. Sabemos que isso é real: mas,por que meio se produz? Até lá não vai a nossa ciência. Sabemos que no Espírito há percepção,sensação,audição,visão:que essas faculdades são atributos do ser todo e não,como no homem,de uma parte apenas do ser;mas,de que modo ele as tem? Ignoramo-lo. Os próprios Espíritos nada nos podem informar sobre isso,,por inadequada a nossa linguagem a exprimir idéias que não possuímos,precisamente como o é,por falta de termos próprios,a dos selavagens,para traduzir idéias referentes às nossas artes,ciências e doutrinas filosóficas (...)
(Segue o texto no item 257 no Livro dos Espíritos / Allan Kardec)