quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"A Amizade Real"

      Um homem que amantoara sabedoria,além da riqueza,auxiliava diversas famílias a se manterem com dignidade.
Sentindo-se envelhecer,chamou o filho para instruí-lo na mesma estrada de bençãos.
Para começar,pediu ao moço que fosse até o lar de um amigo de muitos anos,a quem destinava 300 reais mensais.
O jovem viajou alguns quilômetros e encontrou a casa indicada.
Esperava encontrar um casebre em ruínas mas o que viu foi uma casa modesta,mas confortável.
Flores alegravam o jardim e perfumavam o ambiente. O amigo de seu pai o recebeu com alegria. Depois de inteligente palestra,serviu-lhe um café gostoso.
Apresentou-lhe os filhos que se envolviam num halo de saúde e contentamento.
Reparando a fartura,o portador regressou ao lar sem entregar o dinheiro.
Para quê? Aquele homem não era um pedinte. Não parecia ter problemas. E foi isso mesmo que disse ao velho pai,de retorno ao próprio lar.
O pai,contudo,depois de ouvir com calma,retirou mais dinheiro do cofre,dobrou a quantia e disse ao filho:

"Você fez muito bem em retornar sem nada entregar. Não sabia que o meu amigo estava com tantos compromissos. Volte à residência dele e em vez de trezentos,entregue-lhe seiscentos reais,em meu nome. De agora em diante,é o que lhe destinarei. A sua nova situação reclama recursos duplicados."

O rapaz relutou. Aquela pessoa não estava em posição miserável.Seu lar tinha tanto conforto quanto o deles.

"Alegro-me em saber", falou o velho pai. "Quem socorre o amigo apenas nos dias do infortúnio,pode exercer a piedade que humilha,em vez do amor que santifica.
quem espera o dia do sofrimento para prestar favor,poderá eventualmente encontrar silêncio e morte,perdendo a oportunidade de ser útil.
Não devemos esperar que o irmão de jornada se converta em mendigo a fim de socorrê-lo.
Isso representaria crueldade e dureza de nossa parte.
Todos podem consolar a miséria e partilhar aflições. Raros aprendem a acentuar a alegria dos seres amados,multiplicando-a para eles,sem egoísmo e nem inveja no coração.
O amigo verdadeiro sabe fazer tudo isso. Volte pois e atenda ao meu conselho.
Nunca desejei improvisar necessitados em torno da nossa porta e sim criar companheiros para sempre."
Entendendo a preciosa lição,o rapaz foi e cumpriu tudo o que lhe havia determinado seu pai.
                                                       *  *   *    *    *
" O Verdadeiro amigo é aquele que sabe se alegrar com todas as conquistas.
   Se ampara na hora da dor e da luta,também sabe sorrir e partilhar alegrias.
  O Amigo se faz presente nas datas significativas e deixa seu abraço como doação de si próprio ao outro.
  Incentiva sempre. Sabe calar e falar no momento oportuno.
  Pode estar muito distante,mas sua presença sempre perto.
 O Verdadeiro Amigo é uma bênção dos céus aos seres na Terra. "

"Aprende a bem viver e bem saberás morrer."


"Passaporte"
Após a apresentação da paletra sobre a morte,numa cidade do Rio Grande do Sul,quando eu respondia perguntas do público,uma jovem comentou:
"O tema impressiona-me sobremaneira.Por isso compareci a esta reunião,mesmo não sendo espírita.Devo confessar,entretanto,que após seus esclarecimentos,eu,que sempre senti medo da morte,agora estou apavorada!...
Felizmente essa pitoresca confissão é uma excessão.Como o medo da morte decorre,geralmente,da falta de informação,tenho constatado que muitas pessoas habilitam-se a encará-la com serenidade quando tomam conhecimento do assunto.
Imperioso reconhecer,entretanto,que somente nos livraremos em definitivo de temores e dúvidas quando nos ajustarmos às realidades espirituais descortinadas pela Doutrina Espiríta,procurando definir o significado da experiência humana.
Espíritos eternos,transitoriamente encarcerados na carne,não podemos esquecer que nossa morada definitiva,legítima,situa-se no Plano espiritual,onde ampliaremos nossos estágios na medida em que superarmos os imperativos de encarnação em mundos densos como a Terra,onde as dificuldades e limitações existentes funcionam como lixas necessárias a desbastar nossas imperfeições mais grosseiras.
Se fazemos da reencarnação uma estação de férias,marcada pelo acompanhamento e pela indiferença:se a concebemos como um cassino para irresponsável jogo de emoções; se pretendermos um céu artificial sustentado por vícios e paixões; se cultivamos bem-estar e segurança no solo enganoso dos interesses imediatistas,alienados dos objetivos da existência,fatalmente sentiremos medo de morrer. Afinal,tudo isso ficará para trás. E algo nos diz,no mais íntimo de nosso ser,que nos será cobrado o comprometimento da vida e o despreparo para a morte.
Aqueles que transitam distraídos das finalidades da jornada reencarnatória,constatarão,desalentados e tristes,que a morte,anjo libertador que deveria descortinar-lhes maravilhosos horizontes espirituais,apenas revela os pesados grilhões que colocaram em si mesmos,por fazerem da existência um exercício de inconsequência,procrastinando o esforço da própria renovação.
Em nosso benefício,é fundamental que desnvolvamos uma consciência de eternidade,reconhecendo que não somos meros aglomerados celulares dotados de inteligência,seres biológicos que surgiram no berço e desaparecerão,aniquilados,no túmulo.
Somos Espíritos eternos!Já existiamos antes do berço e continuaremos a existir após o túmulo!É preciso viver em função dessa realidade,superando mesquinhas ilusões,a fim de que,livres e firmes,busquemos os valores inalienáveis da virtude e do conhecimento,nosso passaporte para as gloriosas moradas do infinito!
Difícil definir quando seremos convocados para o Além. A morte é como um ladrão.Ninguém sabe como,quando e onde virá. O ideal é estarmos sempre preparados,vivendo cada dia como se fosse o último,aproveitando integralmente o tempo que nos resta no esforço disciplinado e produtivo de quem oferece o melhor de si mesmo em favor da edificação humana. Então,sim,teremos um feliz retorno à pátria espiritual,como sugere o velho provérbio oriental:
"Quando nesceste todos sorriam,só tu choravas. Vive de tal forma que,quando morreres todos chorem,só tu sorrias!"
(Texto extraido do livro "Quem tem medo da Morte" / Richard Simonetti)