terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A verdadeira Propriedade.

    O homem não possui de seu senão o que pode levar deste mundo.O que encontra ao chegar,e o que deixa ao partir,goza durante a sua permanência na terra ;mas,uma vez que é forçado a abandoná-lo,dele não tem senão o gozo e não a posse real. Que possui ele,pois?
Nada daquilo que é para uso do corpo,tudo o que é de uso da alma; a inteligência,os conhecimentos,as qualidades morais:eis o que traz e o que leva,o que não está no poder de ninguém lhe tirar,o que lhe servirá mais ainda no outro mundo do que neste; dele depende ser mais rico em partida do que em sua chegada,porque daquilo que tiver adquirido em bem depende a sua posição futura. Quando um homem vai para um país longínquo,compõe a sua bagagem de objetos usáveis no país; mas não se carrega daqueles que lhe seriam inúteis.Fazei,pois,o mesmo para a vida futura, e fazei provisão de tudo o que poderá nela vos servir.
Ao viajor que chega a uma estagem,se dá um belo alojamento se pode pagá-lo ; àquele que pode pouca coisa,se dá um menos agradável: quanto àquele que nada tem,vai deitar sobre a palha. Assim  ocorre com o homem na sua chegada ao mundo dos Espíritos : seu lugar nele está subordinado ao que tem ; mas não é com o ouro que o paga. Não se lhe perguntará : Quanto tínheis sobre a Terra? Que posição nela ocupáveis?
Éreis príncipe ou operário? Mas,se lhe perguntará: O que dela trazeis? Não se computará o valor dos seus bens nem dos seus títulos,mas a soma das suas virtudes : ora, a esse respeito, o operário pode ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes da sua partida,pagou a sua entrada com ouro e se lhe responderá : Os lugares aqui não se compram,eles se ganham pelo bem que se fez : com o dinheiro terrestre,pudestes comprar campos,casas,palácios:aqui tudo se paga com as qualidades do coração.
Sois rico dessas qualidades? Sede bem-vindo,e ide ao último,onde sereis tratado em razão do que tendes.
     Os bens da Terra pertencem a Deus,que os dispensa à sua vontade, e o homem deles não é senão o usufrutuário,o administrador mais ou menos íntegro e inteligente. Eles são tampouco a propriedade individual do homem,porque Deus,frequentemente,frustra todas as previsões,e a fortuna escapa daquele que crê possuí-la pelos melhores títulos.
Direis,talvez,que isso se compreende para a fortuna hereditária,mas que não ocorre o mesmo com aquela que se adquiriu pelo trabalho.
Sem nenhuma dúvida,se há uma fortuna legítima,é esta,quando adquirida honestamente,porque uma propriedade só é legitimamente adquirida quando,para a possuir,não se fez mal a ninguém.Será pedida conta de uma moeda mal adquirida em prejuízo de outrem. Mas do fato de um homem dever sua fortuna a si mesmo ,leva mais dela em morrendo?
Os cuidados que ele toma em transmiti-la aos seus descendentes não são,frequentemente,supérfluos? Porque se Deus não quer que ela lhes chegue às mãos ,nada poderá prevalecer contra a sua vontade. Pode dela usar e abusar em sua vida sem ter contas a prestar? Não ; em lhe permitindo adquiri-la,Deus pôde querer recompensar nele,durante esta vida,seus esforços,sua coragem,sua perseverança; mas se não a fez servir senão à satisfação de seus sentidos ou de seu orgulho,se ela se torna uma causa de queda em suas mãos,melhor fora para ele que não a possuísse : perde de um lado o que ganhou de outro,anulando o mérito do seu trabalho,e quando deixar a Terra,Deus lhe dirá que já recebeu  a sua recompensa.
(M.Espirito Protetor / Texto extraído do Evangelho Seg.Espiritismo /Capitulo XVI Item 9)